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Meses antes da criação do GEIA - Grupo
Executivo da Indústria Automobilística, constituído em 16 de junho de
1956 pela Presidência da República (Dec. nº 39.412) para o
planejamento, condução e acompanhamento das ações para implantação da
indústria automotiva no Brasil, a Vemag já anunciava que tinha planos para
produzir um "Jipe DKW-Vemag", conforme pode ser visto na noticia ao
lado, publicada no jornal Correio da Manhã (RJ), no dia 01 de dezembro
de 1955. O protótipo mostrado ao presidente JK nessa ocasião era um MUNGA fabricado na Alemanha. |
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No mês seguinte, o jornal Estado de São Paulo anunciava os "diversos entendimentos relativos ao contrato já assinado com a "Auto Union" para a produção de automóveis DKW em nosso País, pela VEMAG. O plano de fabricação é baseado na produção própria da aludida empresa mas também na sempre crescente capacidade das indústrias auxiliares nacionais. Na fase final está prevista a fabricação de 45 por cento dos componentes do veículo pela firma em referencia e os restantes pelas indústrias auxiliares, cabendo somente 10 por cento para as peças importadas." Portanto, o planejamento inicial contava com 45% das peças fabricadas por empresas de autopeças subcontratadas, 45 % de peças de fabricação própria e 10% de peças importadas. Na mesma notícia, publicada em 05 de janeiro de 1956, o jornal anunciava que "o segundo veículo que a mesma empresa nacional lançará em junho deste ano será um veículo rural cuja característica de maior importância é a tração sobre quatro rodas, apropriado para trafegar nas estradas do interior do País." |
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Meses depois, por intermédio do Decreto nº 39.569 de 12/07/1956 era instituído o Plano Nacional da Indústria Automobilística relativo a Jipes, no qual a Vemag submeteria seu projeto. Consideravam-se Jipes os "veículos automóveis com tração nas quatro rodas, dotados de tomada de força externa, com capota e laterais em lona e pêso bruto (“gross vehicle weight”) entre 1.200kg. e 2.000kg". O decreto estabeleceu o peso máximo e mínimo dos veículos que poderiam obter o auxílio do programa, assim como definiu que qualquer componente ou parte do veículo produzido nacionalmente, escolhido de acordo com o critério da montadora, seria computado no percentual de conteúdo local. Aos projetos aprovados estava garantida a importação de equipamentos e partes complementares. O decreto também estipulava que a continuidade da concessão de benefícios era condicionada ao cumprimento de índices de nacionalização. As metas de nacionalização da produção nacional de jipes deveria atingir os seguintes níveis de realização, "indicados como percentagem ponderal das peças fabricadas no País": 31/12/1956: 50%; 01/07/1957: 60%; 01/07/1958: 75%; 01/07/1959: 85%; 01/07/1960: 95%. A forma que o GEIA encontrou de regular o conteúdo local foi pelo peso total das peças, pois a estimativa do valor de cada peça iria requerer mais procedimentos de contagem, conversão, pesquisa e estudos, atrasando todo o processo de implementação do plano que deveria ser urgente. |
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Para o setor de Jipes, a Vemag, Willys, Rover e Toyota apresentaram projetos. Posteriormente o projeto da Rover não seria aprovado.
O projeto da Vemag previa um volume de produção de 11.750 Jipes DKW em 5 anos.
As metas de produção anual submetidas ao GEIA pela Vemag no período 1957/1960 foram as seguintes: |
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A denominação inicial do MUNGA produzido no Brasil e adotada pela Vemag era "Jipe DKW-VEMAG". Este era o termo utilizado nos primeiros manuais de proprietário, chamados de "Manual de Instruções" pela Vemag.
O modelo produzido no Brasil era cópia do Munga-4 alemão.
Digno de nota foi a solução adotada pelos projetistas da Vemag para as 4 portas introduzidas no modelo brasileiro.Digno de nota foi a solução adotada pelos projetistas da Vemag para as 4 portas introduzidas no modelo brasileiro. |
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Alguns dos primeiros Jipes DKW produzidos no Brasil (modelo 1958) apresentavam a disposição clássica para a abertura das 4 portas, conforme pode ser observado nas fotos dos jipes ao lado.
Esta disposição, porém, foi logo abandonada em favor da abertura da porta dianteira conforme utilizada nos automóveis DKW daquela época, abrindo para a frente, também chamada de "suicida", que é invertida em relação à que conhecemos atualmente.
A grade dianteira do jipe também sofreu uma modificação estilística: os primeiros modelos 58 ainda possuíam uma grade idêntica ao do modelo alemão, a qual foi logo substituída por outra, mantendo-se porém o quebra-mato. A partir do modelo 61, o quebra-mato foi suprimido da grade dianteira, numa tentativa de amenizar o estilo fora-de-estrada do jipe.
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Toda a carroceria do Candango era feita pela SECURIT, empresa paulista com moderna estrutura fabril que, ao lado da produção de móveis de aço, passou a produzir tambem autopeças e componentes para a industria automobilistica. | ||
As capotas de lona eram fornecidas pela PISSOLETRO e pela TRIUNFO. | ||
A capota de aço era fabricada pela CARRAÇO. | ||
Em 1957 havia no Brasil 821 fábricas de autopeças cadastradas pelo GEIA, para um parque montador composto por 16 empresas, sem contar a Fábrica Nacional de Motrores. | ||
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Em sua camioneta DKW, a Vemag usava 38,1% de peças fornecidas por subcontratados e 16,3% de peças produzidas em sua própria fábrica, enquanto que, para o Jipe DKW a participação de peças produzidas por subcontratados era ainda mais expressiva, ou seja, 53% para 9,4% já produzidas na própria fábrica. |
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Outras diferenças entre o modelo brasileiro e o alemão foram as seguintes:
- O pneu estepe do Jipe DKW foi fixado no centro da parte traseira do veículo, no Munga-4 ele era fixado mais à direita, deixando espaço para a colocação de um camburão de gasolina.
- O Jipe DKW saía de fábrica sem sinalização de direção, possuía apenas uma lanterna traseira, fixada no lado esquerdo da parte traseira, que iluminava também a placa de licença do veículo. No Munga-4, as lanternas (com sinalização de direção) eram embutidas nos dois pára-choque traseiros.
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Em meados de abril de 1958, com a presença do presidente da Republica, a Vemag realizou no Copacabana Palace a apresentação oficial do primeiro automóvel de quatro portas fabricado no País. Tambem foram expostos um jipe e uma camioneta. Antes da abertura da exposição, uma caravana de 70 carros DKW-Vemag, que partira de S.Paulo, desfilou pelas ruas da cidade e ao passar diante do Palácio do Catete o presidente Juscelino Kubitschek saudou os motoristas. |
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Neste ano (1960) ocorreu outra modificação importante no projeto do veículo.
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A moderna tração integral permanente nas 4 rodas do Candango não tinha agradado àquele consumidor brasileiro que utilizava o jipe em ambientes urbanos, acostumado à tração inserível nas rodas dianteiras dos modelos concorrentes. Para atingir a faixa de consumidores que utilizavam o jipe Candango predominantemente no asfalto, muitas vezes até retirando o eixo cardã de maneira a "desligar" a tração traseira (deixando o jipe mais "solto"), a Vemag lançou em 1960 o Candango-2, com tração apenas nas rodas dianteiras. E o modelo com tração integral passa a chamar-se então Candango-4. |
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No Salão do Automóvel de 1960, a Vemag apresentou o Candango Arpoador.
Era praticamente um “carro-conceito” e revelava os estudos em andamento para o lançamento de uma versão de veraneio do jipe Candango. A revista 4-Rodas (1961) assim descreveu o novo veículo: "Apresentado no Salão do Automóvel de 1960, o Arpoador consiste numa alegre versão praiana, que evocava alguns modelos em voga na Europa à época. Capota em forma de pálio e bancos forrados em tecido xadrez são as características mais marcantes". |
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No ano seguinte, no Salão do Automóvel de 1961, a Vemag apresentou o Candango Caravana. O Jornal do Brasil, em sua edição de 03.12.1961 assim descrevia os veículos expostos no estande da Vemag: "Muito bem montado o stand da Vemag. Em espaço relativamente reduzido, a empresa conseguiu mostrar, com bom gosto, os veículos que fabrica. Entre eles há alguns novos: Vemaguet Piquenique (com dispositivo para transporte de barco e toldo), Vemaguet Standard Popular (mais barato do que o modelo atual), Candango Caravana (branco com estofamento de couro de boi) e furgão DKW-Vemag." |
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O Candango Arpoador nunca foi comercializado, mas deu origem ao Praiano, esse sim vendido algum tempo depois. O Praiano foi uma variante do Candango-2 introduzida pela Vemag em 1962.
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No Salão do Automóvel de 1962, a Vemag apresentava outra novidade em relação ao Candango-2, o modelo Candango-2D, com alavanca de cambio na coluna de direção (foto ao lado), rodagem menor (4 1/2 x 15), suspensão especial, cambio totalmente sincronizado, eixo traseiro rígido, revestimento e capota especiais, e cor branco/perola.
Tal como o Arpoador e o Caravana, o Candango-2D nunca chegou a ser comercializado. |
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A Vemag fabricou 7.848 unidades do
Jipe DKW-Candango
durante os seis anos que esteve em linha de produção regular, de 1958 à
1963. A quantidade produzida anualmente foi a seguinte: |
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MANUAL DE INSTRUÇÕES DO JIPE DKW CANDANGO Clique aqui para ver o Manual de Instruções do Jipe DKW Candango
CANDANGO MILITAR Clique aqui para ler a história (ainda por contar) do Jipe DKW Candango nas Forças Armadas
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